Há doze anos, um jovem com idade de 23 anos invadiu a escola onde havia estudado no Rio de Janeiro, e produziu um massacre que deixou em choque o país. Ele estava armado com dois revólveres, e disparou contra os alunos, matando doze deles e em seguida, cometeu suicídio. Na época, o episódio assustador foi comentado pela imprensa como de fato era até então, algo fora do comum no Brasil. No entanto, recentemente, os acontecimentos de diversos casos similares têm exigido atenção das autoridades.
Recentemente, uma creche em Blumenau (SC) se tornou alvo de um homem de 25 anos que tirou a vida de quatro crianças. Nesse caso em específico, as investigações preliminares não apontaram nenhum vínculo do agressor com a instituição. Outro ataque causou uma morte e deixou cinco pessoas feridas em uma escola em São Paulo. O crime foi cometido por um de seus alunos, de 13 anos.
Segundo a educadora Telma Vinha, coordenadora da pesquisa realizada pela Unicamp, observa que, na maioria das vezes, não se tratam de crimes passionais, motivados unicamente por vingança ou raiva desencadeada por um tratamento recebido. Os autores planejam fazer o maior número de vítimas, pois têm como objetivo a busca por notoriedade pública e reconhecimento da comunidade virtual. “Mesmo agindo de forma isolada, acreditam que fazem parte de um movimento, se sentem parte de algo maior”, explica.
No Brasil, de acordo com o mapeamento da Unicamp, os ataques registrados desde 2002 aconteceram em 19 escolas públicas, entre estaduais e municipais, e em quatro particulares. Segundo Telma, os perfis das instituições são diversos. Por este motivo, não há razão para responsabilizá-las. Ela conta que já conheceu professores que se perguntavam se fizeram algo de errado.
O ministro da Educação, Camilo Santana, defendeu as ações adotadas pelo governo federal após os ataques recentes nas escolas. Na audiência pública da Comissão de Educação da Câmara nesta quarta-feira (12), ele demonstrou agravantes, como o crescimento do que chamou de uma “cultura do ódio” propagada pelas redes sociais, e ressaltou a necessidade de controlar essas mensagens.
O ministro apontou algumas das providências já adotadas pelo governo, como a criação de um grupo interministerial e o objetivo de construir um Plano Nacional de Enfrentamento à Violência nas Escolas.
Para Camilo Santana, é necessário indignar-se e não aceitar o que está acontecendo nas escolas brasileiras. “E temos que nos unir, independentemente de cor partidária, de ideologia, porque o que está em jogo é a vida das pessoas, isso está em primeiro lugar.
Em quase sete horas de audiência pública, o ministro Camilo Santana relacionou algumas ações da Pasta e destacou a importância de um diálogo permanente com o Legislativo para a aprovação de projetos como o do Sistema Nacional de Educação e o do Plano Nacional de Educação.
O que muitas pessoas não sabem, é que existe uma lei no Brasil, aprovada em dezembro de 2019, que prevê a inclusão dos serviços da psicologia e do serviço social nas redes públicas de educação básica de todo o país.
Essa lei federal é uma grande conquista de extrema relevância e atende às necessidades e prioridades definidas pelas políticas de educação. Dentre os principais objetivos, com sua aprovação, podemos citar o de agregar qualidade ao processo de aprendizado e formação social dos estudantes, bem como, a convivência escolar e a relação família-escola, integrando as equipes multidisciplinares na condição de profissionais da Educação, os quais deverão desenvolver ações para a melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem.
Mas o que isso significa na prática? Significa por exemplo, promover novas ações que mostrem a importância e a urgência da inserção desses profissionais (assistentes sociais e psicólogos/as) na educação, destacando as contribuições no desenvolvimento, na aprendizagem e no enfrentamento às questões e desafios do cotidiano escolar, em uma sociedade marcada profundamente pela desigualdade. Ações como estas poderão ajudar a prevenir situações graves, como as que têm acontecido recentemente.
Além do governo, é importante ressaltar que é de responsabilidade em primeiro lugar, dos pais e responsáveis da criança, acolher sentimentos. Primeiramente, é necessário escutar o que chegou até elas, ouvir quais são os seus medos e as suas impressões. A partir dessa escuta, os adultos podem, de alguma maneira, contribuir para uma ampliação da compreensão da criança sobre aquilo que ocorreu. Assim, os responsáveis devem ficar disponíveis para poder responder às perguntas das crianças, ouvir e pensar com ela sobre as questões que elas têm.